A importância do exercício físico para o controle do Diabetes Mellitus

De acordo com a OMS, o diabetes é uma doença crônica grave, que ocorre ou quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não usa eficazmente a insulina que produz.

Os tipos principais de diabetes são: diabetes tipo 1, que é o mais frequente entre crianças, adolescentes e adultos jovens; diabetes tipo 2, que é o mais frequente entre os adultos e está ligado à obesidade ou excesso de peso, falta de atividade física e má alimentação; e o diabetes gestacional que afeta aproximadamente 7% das gestantes globalmente.

O diabetes tipo 2 e o diabetes gestacional pode ser evitado através da redução dos principais fatores de risco: sobrepeso e obesidade e inatividade física. A história familiar é algo que não pode ser mudado, mas adotando hábitos saudáveis de vida pode ser postergado o diagnóstico.


Considerada uma doença invisível, ou seja, de poucos sintomas, o Diabetes tipo 2 precisa ser controlado com ajuda de mudanças de hábitos como a prática regular de exercícios físicos, dieta adequada, medicamentos e muitas vezes insulina.

Para fazer exercícios físicos com segurança, coloquei algumas questões que devem ser observadas pelo diabético antes, durante e depois da prática dos exercícios.

Por que fazer exercício físico?

O exercício físico previne o desenvolvimento do diabetes mellitus 2, e também ajuda no controle glicêmico de pessoas com diabetes tipo 2 e também com tipo 1. Já está comprovado que a modificação de estilo de vida (dieta e exercício) são superiores a metformina (medicação usada para diabetes) na prevenção de diabetes tipo 2 nos pacientes que apresentam pré-diabetes.

Qual a explicação desse grande benefício?

Os mecanismos envolvidos são muitos: o exercício além de ajudar a baixar peso corporal, ajuda a reduzir os níveis circulantes de insulina, melhora as vias de quebra de glicose no sangue e a sensibilidade a insulina nos tecidos. Além disso, melhora a captação de glicose pelas células de gordura e do músculo.

Há dados objetivos sobre esse benefício?

Sim. Estudos mostram que os diabéticos e pré-diabéticos que aumentam 100 minutos de atividade física por semana conseguem reduzir níveis de glicose sanguínea, LDL colesterol (o colesterol ruim), triglicerídeos, circunferência abdominal e a pressão arterial.

Qual seria a recomendação de atividade física para diabéticos e pré-diabéticos?

A prescrição de atividade física é individualizada, atentando para as complicações pré-existentes (exemplo:  neuropatia diabética – dor nos pés ou pés dormentes ou retinopatia – alteração na retina). Então é importante falar com o seu médico sobre as contraindicações e quais cuidados tomar.

Para pacientes sem complicações e com o check-up cardiológico em dia, as atividades aeróbias (caminhada rápida, corrida, natação, bicicleta, etc.) são recomendadas numa intensidade moderada de pelo menos 150 minutos por semana ou atividade aeróbia intensa em pelo menos 75 minutos por semana.

Além disso, deve-se associar exercícios de resistência (musculação, pilates, exercício funcional com peso) 2 a 3x por semana para manutenção ou ganho de massa muscular. É recomendado também a realização de exercícios de coordenação e equilíbrio. O ideal é sempre ter um educador físico para orientar o treinamento mais adequado.

O que um diabético que usa medicação e/ou insulina e que pratica corrida ou pretende praticar deve fazer?

O importante é conversar com o seu médico sobre a variação de glicose no sangue ou risco de hipoglicemia durante a atividade física.

Diabéticos que fazem uso de insulina ou remédios que aumentam a secreção de insulina pelo pâncreas devem estar atentos: geralmente, durante as atividades aeróbias de baixa ou moderada intensidade pode ocorrer a hipoglicemia (normalmente ocorre após 30 minutos de duração) ou mais tardiamente, sendo necessário levar algum alimento ou suplemento fonte de carboidrato para o treino. E nunca esquecer da hidratação!

Dicas para os diabéticos usuários de insulina que praticam corrida ou atividades aeróbicas:

  • Normalmente é necessário baixar a dose de insulina pré-atividade física.  A redução varia entre 10a 20% da dose.
  • Antes do exercício o ideal é que o diabetes esteja entre 100 e 200 mg/dl. Se caso estiver próximo ou menor que 100mg/dl, ideal ingerir 20g de carboidrato antes de começar o treino. Se o diabetes estiver maior que 200, o ideal é corrigir com insulina e/ou hidratação.
  • Durante o treino é interessante verificar a glicemia após 30 minutos do inicio para ingerir de 20 a 40g de carboidrato antes de apresentar a hipoglicemia, caso já esteja diminuindo os níveis de glicose no sangue.
  • Importante também verificar a glicemia após o treino, e também com mais frequência, visto que pode ocorrer hipoglicemia tardia. Nos treinos de tiros de alta intensidade pode ser que a glicemia suba durante o treino ou logo após, mas há risco de hipoglicemia mais tardia.

Dicas para dias de treino de força/resistência:

  • A tendência da glicemia é manter-se ou subir, então é interessante ir treinar com glicemia entre 100mg/dl e 200mg/dl e verificar a glicose no meio do treino para correção se necessário.
  • Uma dica extra: se você faz um treino misto (tanto aeróbico quanto de força na mesma sessão): se a glicemia esta mais alta no inicio do treino, em torno de 200, comece com o treino aeróbio primeiro e depois vá para a força e no dia  que a glicemia esteja mais baixa, em torno de 120, comece pelo exercício de força e depois vá para o aeróbio.

Aviso: As informações aqui expostas se aplicam aos diabéticos de maneira geral, mas converse sempre com seu endocrinologista para individualizar o seu caso e o seu tratamento!

Por DRA DANIELA FIORIN CUBAS
Clínica Médica e Endocrinologia | CRM PR 26131 | RQE 17459 | RQE 17825

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